quinta-feira, 14 de julho de 2011

O Portão

Será que eu volto?

É que esse negócio de escrever em mais de 140 caracteres tá demodé.

E eu não sei contar piada.

sábado, 21 de agosto de 2010

Conversa sobre educação Parte II

Conversa, no msn, com Juliano sobre a postagem anterior. (Na íntegra, sem correção de texto)


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juliano augusto diz:

quanto a coisa da educação

eu não sei

nós vivemos num mundo tão pós-moderno

a liberdade de imaginação não é uma coisa meio inútil num mundo infestado pela especialização?

Aline diz:

como assim, thuco?

juliano augusto diz:

muito simples

o poder de imaginar difere da direção mercadológica do ensino

o pensar livre existe na renascença

porque lhes é permitido

juliano augusto diz:

mas num mundo que tem um homem para telhas e um homem para calhas e nenhum deles é um homem de telhado, o pensar livre serve para hobbies como história, música, pintura, etc..

mas não para o mundo concreto do mercado

Aline diz:

tah, é verdade

mas a educação básica é voltada para o mercado? Tem que ser voltada para o mercado?

é só olhar o programa da secretaria de educação

educação básica é educação básica

se estuda todas as matérias e um conteúdo que serve de base para quaisquer outras coisas que o muleke, depois de formado, queira fazer

num é isso?

juliano augusto diz:

em teoria, sim

Aline diz:

ou o currículo mudou tanto da nossa época pra cá e ninguém me falou nada?

juliano augusto diz:

e isso é uma pretensão da secretária de educação brasileira

mudou bastante, isso é verdade

porque a mentalidade mudou

nós ainda fomos criados naquela idéia de que certas se deve saber

aonde é o Nilo

o triangulo mineiro

datas centrais

personagens

e todo aquele tipo de masturbação intrusiva da década de 50

o que as crianças tem hoje é

1) um ensino fraco dado a premissa de que não se pode excluir ninguém (as contradições disso são ululantes)

2) um governo pseudo-preocupado com o real que martela para cima das crianças o necessário para o mercado

3) a completa ausência de um programa que estimule o pensamento inquisitivo, no mais baixo nível que seja. a minha mãe não tinha que se perguntar se a vida dela tinha sentido ou não e o porque disso, mas os problemas de matemática e física eram muito mais complexos

4) a ausência de real competitividade em um sistema educacional público que não dá oportunidades para ninguém seja porque o público é um lixo ou porque o privado é exorbitantemente caro

Aline diz:

aquilo que você tava falando

é completamente verdade

e é exatamente por isso que eu tô pensando essas coisas

pq uma coisa simples de imaginar uma historia envolvendo duas imagens e um espelho é dificílimo pra mulekada que eu recebo na capela

e é o tipo de coisa que uma cirança com 4 anos faz tranquilamente

pq eles são podados

eles tem medo de errar

de falar alguma coisa e eu dizer "não, isto tá errado." como eles ouvem o tempo todo na escola

eu jah tava pensando mesmo nisso, mas quando eu li o texto da aula que era pra ter sido hoje do elias, eu saquei a questão

a questão é desse certo e errado tão bem delineado, sem exceções que se coloca na escola, como se o mundo fosse assim

até mesmo na especialidade, existem mais de um lado, como tudo na vida, existem n possibiliades de se chegar a um mesmo resultado, é questão de ter um pouco de sensibilidade e liberdade

e isto me parece muito, muito mesmo real e paupável pro unIverso infantil/adolescente. É quase nata a capacidade inventiva do homem, e, em vez de ser motivada, ela é podada em sala de aula

acho q quando vc ler o texto vc vai sacar melhor

juliano augusto diz:

eu acho que entendi. mas eu acho que existe um certo problema de ordem pragmática. em um país de ética cristã e de orientação capitalista, a poda é o único desfecho pensável. com o aprimoramento das formas de dominação, o buraco entre o topo e o poço aumentam consideravelmente. o desfecho natural é a morte da competitividade. quem entra no sistemão, se apodera dos meios de dominação e vive numa boa (se equalizando com o poço por meios ideológicos como é o da valoração da dor emocional entre executivos, por exemplo), quem não consegue cai nas garras do Estado (que, em última instância, leva ao totalitarismo, como disse meu amado Huxley) e é aí que jaz o problema. eu sinto que nós pensamos quando não passamos fome e quando não se tem os meios de se alimentar, o pensamento gira sem direção

em um limbo hipnótico em torno do próprio eixo composto pelo trabalho-remuneração-alimentação. eu creio que esse seja o cerne do problema. em nossa querida pátria, o problema é mais embaixo dado o assistencialismo rasteiro do nosso querido governo. a morte da competitividade leva a uma hebefrenia educacional. há um momento de valoração do estudo e outro de desprezo ao pensamento livre.

eu sinto que o desfecho é um tanto insolúvel. como resolver esses problemas? como estabelecer sensibilidade emocional e psíquica aonde as pessoas não tem tempo para respirar? como estabelecer um parâmetro de medição para os meios de se levar a vida se não se tem nem parâmetros para julgar comportamento?

Aline diz:

é

Aline diz:

mas esta questão de como estabelecer a sensibilidade emocional e psíquica me parece ter uma explicação muito óbvia, chega a ser banal

na escola!

quando eu falei que eu tinha saudade da época de criança eu não expliquei o meu raciocínio

é pq quando se é criança as preocupações são menores.

vc pode pensar: “não são não. são preocupações dignas da idade e que são grandes o bastante por isso.”

mas há mais espaço

criança respira mais

tem tempo de pausa maior do que a minha e a sua, por exemplo

juliano augusto diz:

porque não precisa tomar conta de si ainda

Aline diz:

tirando a escola, são poucas as ocupações

justamente

e me diz se esta não é, portanto, a melhor e mais frutífera época de se utilizar e fazer crescer ao máximo o potencial criativo e sensível de uma pessoa?

juliano augusto diz:

é verdade

mas a educação tem uma orientação projetista

eles pensam no "futuro" da criança

mas é um futuro de fachada, vazio de conteúdo

Aline diz:

mas isto é pensar no futuro da maneira mais superior possível!

quando vc desenvolve o potencial de cognição e de um sem número de ligações entre o externo e o interno quando ainda se é criança, até na hora da especialização isto é ferramenta fundamental

isto é pensar no futuro propriamente dito

e se a idéia é se estabelecer socialmente e financeiramente num mundo onde há mais demanda que oferta, a criatividade é base fundamental

o pensamento livre e consciente é a maior ferramenta

e isto é tão babaca quanto pensar na grade das janelas da capela que são oitavadas pra desviar o vento e fazê-lo circular melhor pela casa

pq o cata-vento e um monte de outras coisas partem do mesmo princípio

é genial, porém trivial

juliano augusto diz:

é

mas eu não sei se isso é proposital ou é simples estupidez mesmo.



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A gente parou neste ponto. Estava tarde e já estávamos um pouco cansados.

Mas e vocês? E aí? Que vocês pensam a respeito? Não precisa ser professor para ter uma opinião a respeito desse assunto, já que todos nós passamos pela experiência da sala de aula.
Espero que vocês comentem. Para mim seria muito importante.


Beijos, Tchau.

Conversa sobre educação Parte I

Oi gente, vocês tão bem?
Eu tô sumida porque tô trabalhando muito.

Trabalhando e pensando...uma das coisas que venho pensando é sobre educação. Eu sou educadora da Capela do Morumbi e recebo visitas durante a semana de alunos de 7° e 8° série. Além de ser super legal, essas visitas me trazem também alguns questionamentos e inquietações sobre a quantas anda a educação da nossa mulecada.

Eu compartilhei algumas dessas idéias no meu twitter(@LineReis) e, após isso, conversei com meu namorado, Juliano, sobre essas idéias.

Primeiro, gostaria de postar o que eu escrevi no twitter. Depois vou colar aqui, na íntegra, a minha conversa com Juliano.

Então, senta que lá vem porrada. O post ia ficar grande, então eu dividi em duas partes. Esta primeira mostra as postagens do twitter, a segunda, a conversa no msn, mas eu espero que suscite discussão. É isso que eu espero, pelo menos.



Twitter, 20 de agosto de 2010

"Tô sumida. Tenho trabalhado muito. Ganhamos a licitação novamente, e eu estou empregada por tempo indeterminado. A vida tá boa.
Mas a vida poderia estar melhor. Juliano tbm está trabalhando muito e nós só temos nos encontrado na usp. Sinto saudades dele.
Sinto saudades mesmo! Qudo vejo a mulekada chegando na Capela do Morumbi, aonde eu sou educadora, eu fico pensando: "como é bom ser criança"
E eles não gostam de ser chamados de criança, como eu tbm não gostava quando tinha a idade deles, mas nossa, hoje, olhando pra tras...
era muito bom, como hoje tbm é muito bom, só que é cansativo e a gente q priorizar certas coisas hoje pra colher os frutos amanhã
E eu tenho viajado, pensado muito sobre a educação. Sobre o que a gente anda exigindo dos nossos alunos e do que nós estamos lhes oferecendo
Pq a gente realmente exige que eles sejam extremamente interessados em tudo, que saibam tudo, que pensem a respeito de tudo
E esse é o problema! Geramos expectativas de resultados quando oferecemos tão pouco aos nosso alunos!
Não respeitamos suas aversões, seus gostos, suas aptidões. Tudo tem que ser feito, tudo tem q ser bem-feito. E o humano cheio de defeitos???
Afinal, estamos lidando com alunos-gente ou alunos-máquina?? É só mandar fazer e pronto? E se não fizer, é zero? É isso que é educação?
Eu não acho q isso seja educação. Isto tá mais próximo de repressão ao indivíduo, de homogeneização da criança.
Eu vejo, quando trabalho a exposição de arte com os alunos, que o potencial criativo de alunos de 7° e 8° série já foi bastante podado.
O que é absurdo! O potencial do imaginativo, do lúdico, da criação, não deve ser podado e sim estimulado! Mas não acontece.
A sala de aula é o verdadeiro cubo branco. Não há rupturas, não há quebra. Há sempre o certo e o errado. O aluno e o professor.
Não há mistura, nem dissidência. O aluno ouve e não sabe pq tá ouvindo. Não faz sentido. Por isso que eles estão cada dia mais assépticos."