juliano augusto diz:
quanto a coisa da educação
eu não sei
nós vivemos num mundo tão pós-moderno
a liberdade de imaginação não é uma coisa meio inútil num mundo infestado pela especialização?
Aline diz:
como assim, thuco?
muito simples
o poder de imaginar difere da direção mercadológica do ensino
o pensar livre existe na renascença
porque lhes é permitido
mas num mundo que tem um homem para telhas e um homem para calhas e nenhum deles é um homem de telhado, o pensar livre serve para hobbies como história, música, pintura, etc..
mas não para o mundo concreto do mercado
Aline diz:
tah, é verdade
mas a educação básica é voltada para o mercado? Tem que ser voltada para o mercado?
é só olhar o programa da secretaria de educação
educação básica é educação básica
se estuda todas as matérias e um conteúdo que serve de base para quaisquer outras coisas que o muleke, depois de formado, queira fazer
num é isso?
juliano augusto diz:
em teoria, sim
Aline diz:
ou o currículo mudou tanto da nossa época pra cá e ninguém me falou nada?
juliano augusto diz:
e isso é uma pretensão da secretária de educação brasileira
mudou bastante, isso é verdade
porque a mentalidade mudou
nós ainda fomos criados naquela idéia de que certas se deve saber
aonde é o Nilo
o triangulo mineiro
datas centrais
personagens
e todo aquele tipo de masturbação intrusiva da década de 50
o que as crianças tem hoje é
1) um ensino fraco dado a premissa de que não se pode excluir ninguém (as contradições disso são ululantes)
2) um governo pseudo-preocupado com o real que martela para cima das crianças o necessário para o mercado
3) a completa ausência de um programa que estimule o pensamento inquisitivo, no mais baixo nível que seja. a minha mãe não tinha que se perguntar se a vida dela tinha sentido ou não e o porque disso, mas os problemas de matemática e física eram muito mais complexos
4) a ausência de real competitividade em um sistema educacional público que não dá oportunidades para ninguém seja porque o público é um lixo ou porque o privado é exorbitantemente caro
aquilo que você tava falando
é completamente verdade
e é exatamente por isso que eu tô pensando essas coisas
pq uma coisa simples de imaginar uma historia envolvendo duas imagens e um espelho é dificílimo pra mulekada que eu recebo na capela
e é o tipo de coisa que uma cirança com 4 anos faz tranquilamente
pq eles são podados
eles tem medo de errar
de falar alguma coisa e eu dizer "não, isto tá errado." como eles ouvem o tempo todo na escola
eu jah tava pensando mesmo nisso, mas quando eu li o texto da aula que era pra ter sido hoje do elias, eu saquei a questão
a questão é desse certo e errado tão bem delineado, sem exceções que se coloca na escola, como se o mundo fosse assim
até mesmo na especialidade, existem mais de um lado, como tudo na vida, existem n possibiliades de se chegar a um mesmo resultado, é questão de ter um pouco de sensibilidade e liberdade
e isto me parece muito, muito mesmo real e paupável pro unIverso infantil/adolescente. É quase nata a capacidade inventiva do homem, e, em vez de ser motivada, ela é podada em sala de aula
acho q quando vc ler o texto vc vai sacar melhor
juliano augusto diz:
eu acho que entendi. mas eu acho que existe um certo problema de ordem pragmática. em um país de ética cristã e de orientação capitalista, a poda é o único desfecho pensável. com o aprimoramento das formas de dominação, o buraco entre o topo e o poço aumentam consideravelmente. o desfecho natural é a morte da competitividade. quem entra no sistemão, se apodera dos meios de dominação e vive numa boa (se equalizando com o poço por meios ideológicos como é o da valoração da dor emocional entre executivos, por exemplo), quem não consegue cai nas garras do Estado (que, em última instância, leva ao totalitarismo, como disse meu amado Huxley) e é aí que jaz o problema. eu sinto que nós pensamos quando não passamos fome e quando não se tem os meios de se alimentar, o pensamento gira sem direção
em um limbo hipnótico em torno do próprio eixo composto pelo trabalho-remuneração-alimentação. eu creio que esse seja o cerne do problema. em nossa querida pátria, o problema é mais embaixo dado o assistencialismo rasteiro do nosso querido governo. a morte da competitividade leva a uma hebefrenia educacional. há um momento de valoração do estudo e outro de desprezo ao pensamento livre.
eu sinto que o desfecho é um tanto insolúvel. como resolver esses problemas? como estabelecer sensibilidade emocional e psíquica aonde as pessoas não tem tempo para respirar? como estabelecer um parâmetro de medição para os meios de se levar a vida se não se tem nem parâmetros para julgar comportamento?
Aline diz:
é
Aline diz:
mas esta questão de como estabelecer a sensibilidade emocional e psíquica me parece ter uma explicação muito óbvia, chega a ser banal
na escola!
quando eu falei que eu tinha saudade da época de criança eu não expliquei o meu raciocínio
é pq quando se é criança as preocupações são menores.
vc pode pensar: “não são não. são preocupações dignas da idade e que são grandes o bastante por isso.”
mas há mais espaço
criança respira mais
tem tempo de pausa maior do que a minha e a sua, por exemplo
juliano augusto diz:
porque não precisa tomar conta de si ainda
Aline diz:
tirando a escola, são poucas as ocupações
justamente
e me diz se esta não é, portanto, a melhor e mais frutífera época de se utilizar e fazer crescer ao máximo o potencial criativo e sensível de uma pessoa?
juliano augusto diz:
é verdade
mas a educação tem uma orientação projetista
eles pensam no "futuro" da criança
mas é um futuro de fachada, vazio de conteúdo
Aline diz:
mas isto é pensar no futuro da maneira mais superior possível!
quando vc desenvolve o potencial de cognição e de um sem número de ligações entre o externo e o interno quando ainda se é criança, até na hora da especialização isto é ferramenta fundamental
isto é pensar no futuro propriamente dito
e se a idéia é se estabelecer socialmente e financeiramente num mundo onde há mais demanda que oferta, a criatividade é base fundamental
o pensamento livre e consciente é a maior ferramenta
e isto é tão babaca quanto pensar na grade das janelas da capela que são oitavadas pra desviar o vento e fazê-lo circular melhor pela casa
pq o cata-vento e um monte de outras coisas partem do mesmo princípio
é genial, porém trivial
juliano augusto diz:
é
mas eu não sei se isso é proposital ou é simples estupidez mesmo.
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