quinta-feira, 3 de julho de 2008

Meu Mito Minotauro

Há muito tempo encontrei a saída do labirinto
Estive perdida por muitos anos
Sempre procurando a saída
Sempre farejando os pedaços de pão que deixei pelo caminho quando resolvi mergulhar no desconhecido
Procurava pelo minotauro
Em seus rastros encontrava perfumes, rosas, murchas, pedras brilhantes
A infinita curiosidade não me deixava andar em
linha
Em cada esquina descobria folhas novas
Novos ventos, novos pensamentos
A imaginação fluía em meu sonho desperto
A cada pegada de meu minotauro eu me apaixonava
Um ser estranho, mistério, um misto de monstro e mago
Por ele procurava carregando questionários
Por anos a fio fui desvendando a vida
O amor não tinha nome nem rosto
Era mito, era místico
Perdi-me muitas vezes por rotas já conhecidas
A vida é assim, a gente vive e ainda se surpreende nas ruas já caminhadas
Surpreende-se com o sol que é sempre o mesmo
Nas cartas do tarô o aviso da minha vitória
- sairia de meu labirinto –
Mas encontraria meu mito minotauro?
A roda da fortuna ameaçava girar e me derrubar
Mas não me apeguei a este detalhe
E ali na beira do abismo, já fora de meu labirinto, meus olhos me mostravam que as paredes outrora intransponíveis eram feitas de névoa
E que meu erro foi procurar um fim para o meu começo
Sentada no portão daquele labirinto insólito percebi os rastros de meu mistério tão amado, tão procurado
Saíra antes de mim? Estavas também perdido?
E numa poça d’água feita de uma chuva de lágrimas de anjos vejo minha face no reflexo ensolarado
E descubro que a bela não passava de fera
E desfeito seu castelo de confusões, de mistério
O mito caminha sem propósito nas ruas de São Paulo.
imagem: PICASSO, Pablo, Minotauro

5 comentários:

Henrique Monteiro disse...

É que o Minotauro tu deves domar, ou ficar sempre à espreita, com cuidado para não ser acertada.

Deixe marcas pelo labirinto, quem sabe com as flores que encontrar. Assim após alguns anos de perdição, tu conhecerás qualquer caminho, como a própria palma de sua mão.

Beijos.

mijeiderir disse...

concordo com o henrique!

deixe marcas que vocÊ se encontrar!!

abraços

Mijei de Rir - Alegria e diversão!

o'Ricci disse...

2º ano também... mas trancado desde o começo do ano. Direito dá (muito) mais dinheiro... já tive experiências desagradáveis com bacharelado de Filosofia pra saber a importância do dinheiro hehehehe... fazer o que? Eu adoro McDonald's. E aquela porra é cara!

Sob essa ótica, eu concordo com você. Mas, relativo a juízos a priori, eu discordo veementemente, como já explicitado.

No mais, o texto é efêmero. Quase etéreo. Ou seja: agradável... ainda mais para uma leitura noturna. Pegando muito pesado, eu diria que é tautológico, como a vida deve ser.

Zúnica disse...

É triste encontrar a saída do labirinto, morena, porque as áreas amplas nos condenam á nossa liberdade, ás responsabilidades pelo caminho que seguiremos, longe das rotas traçadas pelas paredes. Mas, morena, é também lindo encontrar a saída do labirinto, porque podemos escolher nos perder por rotas já conhecidas, sempre surpreendentes, porque nenhum instante é igual ao outro, e cada passo dado com firmeza é uma nova estrada, ainda que na mesma direção.

A bela fera é a mais bela flor, nascida nas poças de lágrimas de anjos, no asfalto e na platina, no poema e na fúria.

Estamos sempre perdidos, caminhando sem propósito pela ruas de São Paulo, pelos labirintos da dúvida, pelos espinhos do coração, sempre maravilhosamente perdidos, nos labirintos que deslumbram com a novidade das rotas já conhecidas. Perdidos por rotas que nunca serão completamente conhecidas.

Fazia frio e ventava em São Paulo.

Igor Lessa disse...

Que lindo, que intenso!
Olha, você tem umas tiradas...

"meus olhos me mostravam que as paredes outrora intransponíveis eram feitas de névoa"

Belo desfecho.
Muito bom.




Olhando Pra Grama - Crônicas de um ansioso