quarta-feira, 30 de abril de 2008

A Quebra.

O mundo está cheio de fraturas expostas, mas os olhos alheios parecem não querer enxergar.
Há alguns poucos. Há eu mesma.
Eu vejo essas fraturas. É delas que o mundo é feito.
Muros altos que, em fendas, se diferenciam um dos outros.
Fraturas que sangram, abertas, esperando que alguém as enxerguem.
Elas são feitas para serem vistas
seu sangue jorrante banhando o dia-a-dia inerte.
Todos nós somos um pouco de fratura.
Andamos nas ruas sob o sol expondo-as como um chamado à conversa, as perguntas.
Mas poucos são os que perguntam. Poucos realmente dizem.
E as fraturas passam despercebidas.
Alguns já se acostumaram a elas, sem saberem o quanto são necessárias.
Outros têm medo de olhá-las e sentir das suas a dor latejante.
E existem outros raros seres que as olham e retornam para suas cicatrizes.
Lembram do sangue que já se perdeu mas ainda é vivo
e bebem da seiva que o mundo lhes oferece.

Presta atenção. Olha bem. Reconheça essas fraturas, pelo menos as suas. Me digam para que elas te servem.
E se o fardo for pesado demais...Os cortes, estes são passageiros...O que fará, então, com as marcas?

5 comentários:

Zúnica disse...

As marcas, algumas abandonamos. Outras nos fazem chorar em noites de chuva.

Algumas marcas dão orgulho, e nos lembram do que somos feitos e tudo de bom que fizemos até aqui. Trazem lembranças e escrevem textos que nos mostram o caminho que não temos coragem de assumir. As verdades que não temos coragem de encara. E resgatam a inspiração, quando os versos nos faltam.

Muito obrigado.

George Sande disse...

pra toda fratura, pinos.
pra toda cicatriz, cirurgias plásticas...

Unknown disse...

Freud disse certa vez que as marcas são nossas, são necessárias.
Segundo ele mesmo, não devemos nos desfazer dos nossos complexos, apenas aprender a conviver com eles. Ou seja, as marcas dizem muito sobre a nossa história, não seremos menos felizes com elas, mas seremos mais se conseguirmos adaptá-las a nós mesmos.

Henrique Monteiro disse...

Às vezes temos também que mentir que as marcas não existem. Pegamos a maquiagem do fingimento, e vamos passando, passando... até conseguirmos o resultado esperado.
O ruim é que as vezes a chuva da desilusão vem, e borra e apaga tudo...

Unknown disse...

E se o fardo for pesado demais...Os cortes, estes são passageiros...O que fará, então, com as marcas?

R: As ostentarei como marcas de um veterano de guerra.