quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sem partido Sport club

Boa noite.

Hoje senti dolorosamente os 20 anos da morte do Cazuza. E como eu fui uma grande fã desse cara(ainda sou fã, só não o escuto tanto quanto o escutava antigamente), vou falar um pouquinho das músicas dele, das frases famosas que todo mundo dita e do que elas me fazem pensar em dias como hoje.

"Meu partido é um coração partido." Forte isso, não? Eu sempre olhei essa frase como "sou emocional, marco toca com o coração". Mas hoje eu olhei diferente. Hoje eu olhei um cara cantando em 1988(ano em que eu nasci), gritando que queria uma ideologia pra viver, num ano onde tivemos José Sarney como presidente e a Constituição de 88 tentando limpar os rastros da ditadura. Se num momento como este o Cazuza estava gritando a plenos pulmões por ideologia, o que nós deveríamos estar gritando hoje? Já pensou nisso? Você parou para pensar que, enquanto o STF pressiona o Congresso para aumentar 13% dos seus salários, nós estamos gritando "cala a boca, Galvão!"? Repararam nisso? E aí, galera do rock colorido, e aí você que está na mídia fazendo gracinha, vocês procuram algo além dos seus umbigos, sentem necessidade de procurar por uma ideologia, mesmo ela sendo só sua?

Isso é só uma pergunta, não um ataque. É o que eu fiquei perguntando para mim mesma hoje.

"Enquanto houver burguesia não vai haver poesia" E essa, hein? Eu não vou entrar nessa patacoada(sem ofensas) de luta de classes, de anticapitalistas, e etc. Eu vou tocar no ponto que talvez fosse o mais importante pro Cajú(fiz a íntima agora): Onde está a poesia? Aonde se escondeu a beleza? Por entre os edifícios e o corre-corre das pessoas? Por entre as noitadas e os gritos ébrios e frenéticos? O Cazuza foi gênio por cantar só aquilo que ele via. Ele foi gênio por enxergar no dia-a-dia, em cada pedra, em cada espinho, a poesia embutida e dar voz àquilo que evocava em silêncio seu canto de agonia, de êxtase.

Nossa, eu posso passar a vida escrevendo posts imensos sobre o Cazuza, tenho certeza que essa semana ainda vou ter tempo para falar mais sobre ele. Hoje o tempo tá curto. (Mas o tempo não parou. Nem pra ele.)

O poeta está vivo. A poesia não morreu. Ela está aí pra todo mundo ver e ouvir. Dê voz a esse grito abafado. Faça a poesia dos dias, cante sua agonia, cante sua revolta, cante sua dor. Nem tudo são flores, só não podemos deixar de gritar, de ser artista no nosso convívio, Pelo inferno e céu de todo dia, Pra poesia que a gente não vive, Transformar o tédio em melodia...


Estamos todos meio surdos.


E pra fechar o post dessa noite vou colocar umas das minhas músicas favoritas. A imagem não é lá essas coisas, mas o áudio é inacreditável. Barão Vermelho no Rock in Rio de 85, "Down em mim"

Beijo pra vocês.


Ps.: Cazuza tava meio entediado no além e chamou o Ezequiel Neves pra fazer uma festa. Festeiro como ele, não pôde deixar de aceitar o convite. Descansa em paz, Zeca Jagger.

2 comentários:

Unknown disse...

Ótima reflexão sobre as frases de Cazuza, adorei ;) A eternidade que a musica alcança dia-a-dia me impressiona .

legal seu blog, desde já seguindo-te
Boa semana
bjus

Igor Dias disse...

Tbm sou fã do Cazuza...sinto falta de artistas atuais que tenham uma obra que fique para a posteridade...afinal, o créu é mais legal né??

ótimo blog, sempre seu fã!